Por Correio do Estado
29/04/2019 · Notícias
Mato Grosso do Sul possui o 9º maior rebanho de equinos do Brasil, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com uma tropa de 443,4 mil equídeos (cavalos, jumentos e burros), mais da metade, 278.482 são de cavalos utilizados no trabalho das propriedades rurais e competições esportivas.
Comparado a bovinocultura, os números são mais modestos, contudo, estes animais estão ligados diretamente a atividade pecuária, com predominância na região do Pantanal, visto que nesta área foram registrados os primeiros Cavalos Pantaneiros, uma raça que prioritariamente existe nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
De acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pantanal), que possui uma pesquisa aprofundada sobre a espécie, o ‘Pantaneiro’, foi introduzido na região, trazido dos países Ibéricos que colonizaram o Brasil. Por intermédio da seleção natural, os animais formaram uma raça muito bem adaptada às condições ecológicas do bioma pantaneiro.
A diretora técnica da Federação de Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), Mariana Urt, destaca que o Estado é agraciado com a raça que é fundamental para o trabalho diário realizado nas fazendas pantaneiras. “Este animal tem características fenotípicas que o tornam essencial na lida do trabalhador rural, pois, se adaptou ao clima e ao terreno da região”, observa.
Mariana explica que outras raças presentes em números expressivos são: Quarto de Milha e Cavalo Crioulo. “Estes animais são utilizados como ferramenta de trabalho e também, em provas esportivas como, apartação, laço comprido e curto, em dupla, três tambores, entre outras”, detalha.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolveu uma revisão recente do complexo agropecuário do cavalo, com alguns dados relevantes que vão desde o tamanho do tropel nacional até informações sobre mercado. No estudo foi constatado que o número de equinos no Brasil supera cinco milhões de animais, sendo 1.100 mil utilizados para esporte, lazer e criação e 3.900 mil para trabalho.
No que diz respeito ao investimento inicial da criação, especialistas do portal ‘Montar um Negócio’, apontam que o produtor gastará entre R$ 300 e R$ 800 mil, com retorno do investimento a médio prazo. Contudo, com planejamento da atividade e investindo em exemplares de alta performance genética, o criador não se arrependerá do negócio, visto que um animal (registrado) poderá ser comercializado entre R$ 15 mil e R$ 1 milhão de reais.
QUARTO DE MILHA
O produtor paulista, Sérgio Luís Armelin Ramos, conta que a família atua no segmento de criação de cavalos há 51 anos (junto com a família), 40 anos no estado de São Paulo e há 20 anos trouxe sua experiência para Mato grosso do Sul. Ele destaca que os animais são destinados para trabalho e esporte, com diferencial de domar os exemplares que são comercializados posteriormente.
“Optamos pela raça Quarta de Milha por sua estrutura forte e docilidade, além disso é um animal hábil e inteligente para trabalhar com bovinos. Por sua resistência física, apresenta maior aptidão que outras raças, seja na lida com o gado ou em provas de velocidade”, destaca o empresário.
Ramos explica que é possível iniciar uma criação com custos mais baixos, se o produtor implantar o sistema de piquete para pastejo. “Se deixar o animal em um centro de treinamento, o valor varia conforme a fase do animal ou se incluirá doma ou treinamento profissional. Basicamente, o custo de produção por animal pode variar entre R$ 800 e R$ 1,5 mil reais, mensalmente”, explica.
Com relação ao valor de venda praticado em Mato Grosso do Sul, o empresário argumenta que o preço do exemplar dependera muito da filiação, desempenho em provas e da campanha como reprodutor ou matriz. “No entanto, a média para o valor de um potro ou potra registrado varia entre R$ 15 mil e R$ 30 mil reais, porém, o preço pode alcançar cifras muito maiores”, confirma.
MERCADO
Na avaliação de Ramos, Mato Grosso do Sul está se desenvolvendo expressivamente na criação de equinos, principalmente na raça Quarto de Milha, pois conta com criadores e investidores dedicados. Outro ponto que auxilia no crescimento da atividade é a quantidade bovinos, tendo em vista que o Estado possui o 4º maior rebanho do Brasil.
“A prova da movimentação da cadeia produtiva e do interesse dos criadores é verificada na realização de provas quase semanais envolvendo cavalos. É uma indústria que aumenta cada vez mais e o faturamento estimula o trabalho de todos os envolvidos na atividade”, relata.
DIVERSIFICAÇÃO
Outra atividade que tem provocado a demanda por equinos é a Equoterapia, um método terapêutico que utiliza o cavalo no processo de reabilitação de pessoas de todas as idades, utilizando uma abordagem interdisciplinar (saúde, educação e equitação).
A informação divulgada pela Associação Nacional de Equoterapia (Ande) acrescenta que a técnica exige a participação do corpo inteiro, contribuindo para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento e aperfeiçoamento da coordenação motora e equilíbrio.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS) apoia o projeto de equoterapia iniciado em 2015, no município de Jardim, denominado ‘Passo a Passo’. Coordenado por uma equipe de fisioterapeuta, psicólogo e equitador, o atendimento é realizado gratuitamente para pacientes da região e foi estendido para Rio Brilhante e Aparecida do Taboado.